quarta-feira, 18 de agosto de 2004

Hoje não estou muito legal... prefiro abster-me de minhas próprias palavras...
Viver não Dói
Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram.
Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido junto e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade interrompida.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar.
Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender.
Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais !!! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.
A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.
--------------------------------------------
"Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura"

(Carlos Drummond de Andrade )

Cântico Negro

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui"!
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos meus olhos, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
-Que eu vivo com o mesmo sem vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redominhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátrias, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios.
Eu tenho a minha loucura!
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca princípio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um atomo a mais que se animou...
Não se por onde vou,
Não sei para onde vou,
-Sei que não vou por aí!

José Régio

segunda-feira, 9 de agosto de 2004

Vencida pelo Cansaço
Finalmente conseguiram me convencer. Quinta-feira escolhi uma auto-escola para tirar a carteira de motorista. Ontem fui fazer o exame médico e psicotécnico. Consegui enganar o povo e passar por normal... =P
Terça começo o CFC - Curso de Formação de Condutores. Vamos ver no que é que vai dar essa história... =D

Começaria Tudo Outra Vez...
Como tá na moda dizer... TDB! Tudo de Bom! Esse é o nome de uma peça que fui ver ontem no Teatro das Artes no Shopping Eldorado. Fiquei impressionada. A peça era sobre a vida e obra de Gonzaguinha. O ator é muiiiiiiiiito bom. Sem contar que é super parecido com o cantor-compositor. Tinha hora que eu pensava: "Pronto! Baixou o Gonzaguinha no cara..." A voz era idêntica. E só musicão... pena que hoje foi o último dia. E nem foi tão divulgada assim. Mas ela irá reestrear em março do ano que vem no Sérgio Cardoso. Espero que fique mais tempo em cartaz...

Eu Apenas Queria Que Você Soubesse...
(Gonzaguinha)

Eu apenas queriaque você soubesse
Que aquela alegria ainda está comigo
E que a minha ternura não ficou na estrada,
não ficou no tempopresa na poeira

Eu apenas queriaque você soubesse
Que esta menina hoje é uma mulher
E que esta mulher é uma menina
que colheu seu fruto, flor do seu carinho

Eu apenas queria dizera todo mundo que me gosta
que hoje eu me gosto muito mais
porque me entendomuito mais também
E que a atitudede recomeçar
É todo dia, toda hora
É se respeitar na sua força e fé
Se olhar bem fundo até o dedão do pé

Eu apenas queriaque você soubesse
Que essa criança brinca nessa roda
E não tendo cortes de novas feridas
pois tem a saúde que aprendeu com a vida



"Ai, quanto querer / Cabe em meu coração /Ai, me faz sofrer, faz que me mata / E se não mata fere / (...) / Eu quis lutar / Contra o poder do amor / Cai nos pés do vencedor / Para ser o serviçal de um samurai / Mas eu tô tão feliz / Dizem que o amor atrai."
(Djavan - Samurai)

quinta-feira, 5 de agosto de 2004

"Eu já nem lembro pra onde mesmo que vou, mas vou até o fim!"
É isso aí. Nã oimporta onde você parou, o importante é continuar. Algum poeta de quem eu gosto muito e não me recordo muito bem exatamente quem agora, em algum momento disse algo parecido com isso. E sabe que ele estava muito certo? Uma vida que segue sem tropeços não dá muito certo... fica muito paradona, cansativa. Daí a gente não é feliz e não sabe por que... a gente vive muito certinho, faz tudo direito como reza os mandamentos, fica triste e não sabe por que... fazer coisas que não costumamos fazer, enfrentar nossos próprios tabus, quebrá-los, fugir um pouco das regras pode ser até bem saudável. Eu sei de tudo isso. Mas volto aquele meu velho problema... o problema de pensar. Pensar, pensar demais, pensar no que pensam e no que vão pensar de você aqueles que te conhece bem, pensar no que pensam aqueles que nem te conhece tão bem assim, e pensar no que pensam queles que estão ali... passando do outro lado da rua e que, porventura, passa o olhar por você. É dura essa vida de pensar, viu...

"Se você olha pra mim / Se me dá atenção / Eu me derreto suave / Neve no vulcão / Se você toca em mim / Alaúde emoção / Eu em desmancho suave / Nuvem no avião"
(Chico César - Templo)